O marketing no ano de 2022 foi bastante influenciado pela inflação alta, o fortalecimento do mercado digital e mudanças importantes nos algoritmos do Google. Além das velhas discussões sobre meio ambiente, inclusão social e fake news.
Para o ano que está por vir, a expectativa é de um público cada vez mais aberto a consumir anúncios como forma de baratear assinaturas de streamings e serviços de vídeo sob demanda (SVOD), assim como a consolidação do TikTok como a rede social queridinha do momento.
Além disso, a audiência ficará cada vez menos centralizada, o que exigirá maiores esforços em estratégias de marketing cross media e omnichannel, capazes de fazer sua marca alcançar os consumidores nos diversos canais que dividem a atenção do público.
No Google, as últimas atualizações realizadas em 2022 deverão aumentar a capacidade dos algoritmos de identificar conteúdos relevantes para a audiência e saber se um site é confiável ou não, reforçando a importância de um bom trabalho de SEO onpage e offpage para as empresas que desejarem se destacar na busca orgânica.
Destaque, também, para as discussões sobre privacidade, que provavelmente levarão ao fim dos cookies de terceiros e exigirão novas soluções para que as empresas possam monitorar os resultados de suas campanhas de marketing digital.
Veja as 14 principais tendências de marketing que você precisa ter em mente em 2023, para que sua empresa não fique para trás.
1 – Atualizações nos algoritmos tornarão o Google mais criterioso
Entre 2021 e 2022, duas importantes atualizações foram feitas nos algoritmos do maior site de buscas do mundo: mudanças nas core web vitals e o Helpful Content Update.
As core web vitals são métricas que fazem parte do Google Page Experience e que medem três principais índices para oferecer uma melhor experiência ao usuário: a velocidade de carregamento de uma página, sua estabilidade visual e o tempo necessário para que um internauta interaja com essa página. Com as novas atualizações, o Google passou a levar em conta fatores como a demora de carregamento do elemento mais pesado da página e a quantidade de mudanças visuais que ocorrem quando a página está carregando.
Já o Helpful Content Update tem como objetivo evitar resultados de busca repetitivos, pouco originais e irrelevantes para o público, deixando em destaque apenas links de páginas que apresentem alguma nova perspectiva sobre o assunto pesquisado. Ele foi desenvolvido para combater aquelas páginas de baixa qualidade, criadas com o único objetivo de rankear bem no Google.
Como se preparar?
Com essas duas atualizações, a tendência é que a experiência do usuário e a utilidade do conteúdo sejam cada vez mais importantes para aqueles que desejam ver seus sites aparecendo nas primeiras posições do Google. Não basta mais criar conteúdos só pensando nas diretrizes de SEO e achar que será possível “enganar” a plataforma com informações de baixa qualidade, mal segmentadas e em sites lentos. O ideal é definir o seu público-alvo, conhecer as dúvidas e necessidades que ele realmente tem e oferecer informações que consigam saná-las, de forma que o target aprenda algo novo ou encontre uma solução para os seus problemas após acessar a sua página.
2 – Fim dos cookies de terceiros trará desafios na hora de monitorar resultados
Os cookies de terceiros são rastros digitais que as pessoas deixam quando clicam em um anúncio dentro de um site, que leva para outro site. É por meio deles que o pixel de conversão do Facebook e diversas plataformas de monitoramento conseguem identificar não só os usuários que clicaram no anúncio, como as ações que eles executam após acessarem o endereço de destino: colocar um produto no carrinho; clicar no botão de conversão; acessar determinadas páginas; permanecer por determinado tempo…
Métricas essenciais para qualquer estratégia de marketing digital, pois permitem avaliar a eficiência das campanhas, verificar o que precisa ser melhorado e identificar clientes em potencial que você tem mais chance de converter com determinado tipo de anúncio.
No entanto, a preocupação cada vez maior com a privacidade dos internautas tem feito com que alguns navegadores e sistemas operacionais passem a combater os cookies de terceiros. A Apple, por exemplo, acabou com esses tipos de cookies para usuários do iOS. O Google Chrome também anunciou que pretendia pôr um fim nos cookies de terceiros em 2023, mas adiou a data para 2024, dando tempo para as empresas se prepararem.
Como se preparar?
Já prevendo essa mudança, a Meta, empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, criou a API de conversões, que permite uma comunicação direta com o servidor, de forma que consegue captar os dados sem precisar dos cookies. É muito importante instalar essa api no seu perfil. Já o Google pretende lançar o FloC, que possibilitará a captação desses dados em grandes grupos de amostra, em vez de pessoas individualizadas.
3 – Anúncios em serviços de streaming e SVOD
Grandes players do universo de vídeo sob demanda por assinatura (SVOD), como Netflix, Disney+ e Apple TV já anunciaram que pretendem trazer a opção de assinaturas com anúncios, que terão preços bem mais em conta. Essa é uma forma de tentar frear a grande quantidade de cancelamentos que vem ocorrendo nos últimos tempos, não só devido à saturação cada vez maior desse mercado, como também pelo aumento da inflação.
A pesquisa Media Trends Predictions 2023, do grupo Kantar, revelou que uma boa parcela dos consumidores dos EUA (52%), Alemanha (39%) e Inglaterra (44%) não se importaria de ver anúncios, caso isso tornasse o serviço mais barato.
Com o aumento dos preços e a decisão da Netflix de cancelar o compartilhamento de telas, essa tendência deve se confirmar no mundo todo.
Como se preparar?
A possibilidade de colocar anúncios em grandes canais de streaming pode ser mais uma oportunidade para sua marca se destacar. No entanto, é preciso primeiro avaliar quais recursos serão oferecidos pelas plataformas e se haverá realmente uma grande adesão às assinaturas com anúncios.
4 – Audiência cada vez mais fragmentada
Com cada vez mais opções de streamings de SVOD surgindo no mercado, a tendência é que a audiência fique cada vez mais fragmentada quando o assunto é vídeo. Nas redes sociais, essa fragmentação também deve se confirmar, com a ascensão do TikTok e o investimento cada vez maior do Instagram no Reels, diminuindo o monopólio do YouTube nesse setor.
Outra questão a se considerar é que os modelos de transmissão linear (com programação exibida em horários e grades definidas, como ocorria na TV tradicional) também continuam fortes. De acordo com o mesmo estudo do Kantar citado anteriormente, 79% do tempo gasto com vídeo em casa no Brasil é dedicado à TV linear.
Assim como muitas emissoras tradicionais (Globo e ITV, por exemplo) têm migrado para o modelo sob demanda, alguns streamings que sempre foram SVOD vêm testando versões lineares de seus serviços, como a Netflix, que lançou o Netflix Direct na França, seguindo o modelo convencional de televisão.
Como se preparar?
Esse novo cenário exigirá uma estratégia de marketing omnichannel integrada, capaz de criar anúncios de vídeo adaptados para plataformas e canais com diferentes ferramentas de publicidade, modelos de transmissão e perfis de conteúdo, sem que a marca perca sua identidade. Além disso, a união entre as equipes digitais e audiovisuais da empresa será fundamental.
5 – TikTok seguirá se destacando entre as redes sociais
Com um bilhão de usuários mensais ativos, que correspondem a 20,83% dos usuários de internet no mundo todo, o TikTok seguiu sendo o aplicativo mais baixado no primeiro trimestre de 2022. Além disso, uma pesquisa da Sensor Tower mostrou que ele foi o app no qual as pessoas gastaram maior parte do tempo no segundo trimestre deste ano: 95 minutos, em média (21 a mais que o segundo colocado, o YouTube).
Com números tão expressivos, a tendência é que a rede social chinesa continue sendo destaque em 2023. Uma plataforma que não pode mais ser ignorada pelos anunciantes.
Como se preparar?
Antes de mais nada, é preciso acabar com o preconceito de que o TikTok é apenas uma rede social de dancinhas e vídeos engraçados. Com seus algoritmos avançados, a plataforma tem uma capacidade diferenciada de identificar as preferências do usuário e mostrar apenas conteúdos que sejam do seu interesse. Por isso, seja qual for o setor da sua empresa,investir em marketing no TikTok traz resultados, desde que seja com vídeos informativos, espontâneos, criativos e humanizados. De preferência, usando trends.
6 – Engajamento das empresas em questões ambientais e de inclusão social continuará sendo importante
Assim como nos anos anteriores, a responsabilidade social e ambiental seguirá sendo um forte diferencial das empresas em 2023, com consumidores cada vez mais engajados na preservação do meio ambiente e em questões de direitos humanos.
Uma pesquisa divulgada pela Walk The Talk By La Maison, em 2021, mostrou que 20% dos brasileiros já boicotaram marcas que não se preocupam com ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa). Com um mundo cada vez mais politicamente engajado e no qual as mudanças climáticas seguem em voga, essa tendência deverá se manter em 2023, assim como foi em 2022.
Como se preparar?
Adotar medidas sustentáveis, como gestão de resíduos, uso de fontes renováveis, redução de poluentes, economia circular, logística reversa e escolha de fornecedores preocupados com o meio ambiente, pode ser uma boa forma de mostrar que sua empresa está conectada com as questões ambientais. Já na parte social, recomendamos promover a inclusão de pessoas LGBTQIA+, negras e PcD na sua equipe, assim como realizar ações sociais e aproveitar datas comemorativas que tenham ligação com os direitos humanos na sua comunicação.
7 – Atenção redobrada às fake news
Muitas marcas têm sido alvos de notícias falsas ou mal contextualizadas. Na pesquisa Fake News: Desafios das Organizações, promovida pela Aberje, 51% das empresas entrevistadas afirmaram que foram afetadas economicamente por questões envolvendo fake news e 75% delas sentem que podem sofrer alguma ameaça de uma campanha de desinformação no mercado em que atuam. No entanto, somente 29% delas têm algum plano de contingência para casos como esses.
Em um país que tem o quinto maior número de pessoas usando internet do mundo e 171,5 milhões de usuários de redes sociais, a tendência é que uma notícia falsa ou outra possa eventualmente surgir. Sem falar na prática desonesta de alguns concorrentes, de criar comentários negativos fictícios para sujar a imagem de outras empresas.
Como se preparar?
Monitorar as menções à sua empresa nas redes sociais e as avaliações no Google permite saber o que as pessoas andam falando sobre a sua marca. Assim como observar os comentários nas suas postagens. Para marcas com maior reconhecimento no mercado, recomendamos também jogar o nome da companhia no Google, para verificar se não há artigos ou notícias com fatos falaciosos. Investir em gestão de crise é outro passo importante, com boas equipes de SAC e assessoria de imprensa ou relações públicas.
8 – Comunicação mais rápida, simples e direta
O crescimento do TikTok, assim como o investimento do Instagram e do Facebook no Reels e a adoção dos Shorts pelo YouTube mostram que a tendência é que haja um consumo cada vez maior de vídeos curtos.
Assim como Stories! Em uma pesquisa do Opinion Box, 62% dos entrevistados afirmaram publicar mais Stories do que conteúdo no feed e 58% preferem ver Stories do que o feed.
Em tempos nos quais a atenção do usuário está cada vez mais curta e dividida, estabelecer uma comunicação simples, rápida e impactante pode trazer bons resultados.
Como se preparar?
Crie versões mais curtas dos seus anúncios de vídeo, para veicular no TikTok, no Reels e nos Stories. Neles, você pode abordar alguma dor do seu target, estimulando-o a clicar no link para saber como você pode solucionar o problema dele. O ideal é fazer o seguinte exercício mental: se eu fosse explicar para uma pessoa leiga em 15 segundos como é o meu produto ou serviço, de que forma eu faria? Daí, pode sair um bom copywriting.
9 – Podcasts em alta
Desde a pandemia, os podcasts vêm crescendo de forma meteórica. E um estudo da Statista em parceria com o Ibope mostra que o Brasil é o terceiro maior consumidor de podcasts do mundo, com mais de 30 milhões de ouvintes. De acordo com a mesma pesquisa, mais de 40% dos brasileiros ouviram podcasts pelo menos uma vez, entre março de 2021 e março de 2022.
Sendo assim, o sucesso desse formato deve se confirmar no próximo ano também.
Como se preparar?
Um estudo realizado pela Edison Research mostra que 81% dos ouvintes de podcasts confiam nas recomendações dos hosts (apresentadores). Além disso, 71% acreditam mais em anúncios veiculados nos podcasts do que naqueles que rodam em outras mídias. Então, inserções de merchandising nesses programas costumam trazer bons frutos. Para algumas empresas, também pode ser vantajoso criar podcasts informativos próprios, que mostrem o conhecimento dos seus profissionais, trazendo mais credibilidade.
10 – Consolidação do User-generated Content (UGC)
Em tradução livre, User-generated Content significa “conteúdo gerado pelo usuário”. Com o número de ferramentas à disposição dos internautas para produzir conteúdo e dar seu feedback aumentando, a tendência é que a questão da prova social se torne fundamental na hora de escolher um produto ou serviço.
Quem nunca viu comentários e avaliações de outros compradores, antes de adquirir um produto no e-commerce? Ou conheceu produtos por meio de indicações de usuários comuns nas redes sociais?
Com a democratização da internet, qualquer pessoa pode influenciar a decisão do seu público-alvo. Para o bem ou para o mal.
Como se preparar?
Considerando que o User-generated Content deverá seguir forte em 2023, sua empresa deve saber usar esse recurso para gerar convencimento nos potenciais clientes. Mostre depoimentos e testemunhos de clientes que gostaram do seu produto ou serviço. Se tiver um e-commerce, abra espaço para seus visitantes deixarem feedbacks. E crie ações que estimulem o compartilhamento de fotos ou vídeos por parte dos seus consumidores (exemplo: compartilhe uma foto no nosso restaurante com a hashtag tal e ganhe X% de desconto).
11 – Conversational Marketing no centro do atendimento
Outra tendência que deve se manter no ano de 2023 é o chamado marketing de conversação, com a utilização de chatbots capazes de conversar com os clientes e oferecer um atendimento mais humanizado e rápido, sem a necessidade de haver um atendente humano disponível.
Esse tipo de abordagem permite uma comunicação mais personalizada com seu lead, além de facilitar o processo de conversão. Existem várias possibilidades para implantação de chatbots, desde chats automatizados no seu próprio site, até automação de comunicação inbox em redes sociais como WhatsApp, Instagram e Facebook.
Como se preparar?
Primeiramente, você deve registrar quais são as perguntas ou solicitações mais frequentes que os seus clientes ou potenciais clientes fazem quando entram em contato com você. Assim, poderá automatizar caminhos dentro do chatbot para que a conversa se torne fluida e o usuário consiga sanar suas dúvidas sem precisar sobrecarregar sua equipe de atendimento.
12 – Google Analytics 4 (GA4) está chegando
Depois de 4 anos de espera, o GA4 será finalmente lançado em julho de 2023. O Google Analytics já havia liberado a versão beta em 2019, App+Web, que permitia a análise de dados integrada entre propriedades da web e de aplicativos mobile.
Com a versão aprimorada, novos recursos serão adicionados à ferramenta de análise do Google. Entre eles:
- Mais respeito à privacidade dos usuários: o novo Google Analytics não precisará mais armazenar endereços de IP, além de não depender de cookies para coletar dados (o que vem a calhar, por causa do iminente fim dos cookies de terceiros). Sem falar que fornecerá recursos para as empresas cumprirem as regras do LGPD;
- Análise multiplataforma: o Google Analytics 4 permitirá uma visão completa de todo o ciclo de vida do cliente, não importa quais plataformas sua empresa usa;
- Integração com o Google Ads: o GA4 permitirá integração com a plataforma de anúncios do Google, para que você possa analisar melhor a performance das suas campanhas pagas e consiga otimizá-las;
- Modelo de dados baseado em eventos: que substituirá o atual, baseado em hits, do Universal Analytics.
Como se preparar?
É importante já entender como usar as novas ferramentas do Google Analytics 4, para conseguir monitorar os resultados e otimizar suas campanhas com mais eficiência. Além disso, ter uma equipe especializada em análise de métricas será bem importante.
13 – Mudanças no Twitter
Quem acompanha as notícias, sabe que a compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk trouxe uma série de mudanças na rede social. E elas com certeza afetarão as empresas que investem em marketing nessa plataforma.
Entre as mudanças previstas, estão o Notes, que permitirá textos bem acima de 280 caracteres, além do Community Notes, que permitirá a grupos de moderadores adicionar contexto adicional a tweets, como forma de combater a desinformação.
Mudanças importantes nas diretrizes também podem impactar as empresas, como a possibilidade de comprar o selo de verificado, a abertura para o público do algoritmo responsável por personalizar as publicações para os seguidores e a maior flexibilização das regras de banimento. Assim como medidas mais duras contra bots.
Como se preparar?
O maior número de caracteres pode trazer mais possibilidades para as empresas aprofundarem seus conteúdos. Por outro lado, a compra do selo de verificado pode representar um risco para as marcas, uma vez que abre a possibilidade de perfis fakes delas, que podem manchar sua reputação. Importante ficar atento.
14 – Chegada de uma nova rede social: o Koo
Com a turbulência que tomou conta do Twitter nas últimas semanas, a rede social indiana Koo vem ganhando cada vez mais espaço. Mesmo sendo alvo de trocadilhos no Brasil, a plataforma já ultrapassou os dois milhões de usuários por aqui.
Ainda não há uma ferramenta de anúncios desenvolvida para os anunciantes brasileiros. No entanto, algumas celebridades já adotaram a nova rede social, o que abre possibilidade para o marketing de influência.
Como se preparar?
Inicialmente, o momento é de estudo e avaliação, para saber se o Koo realmente irá vingar e quais possibilidades de anúncios serão oferecidas. Ainda assim, vale a pena já ter um perfil da sua empresa por lá, para sair na frente e conhecer melhor como funciona essa nova rede social.
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