Com mais de uma década atuando no marketing, muitas vezes me pego observando e analisando os conteúdos que empresas postam nas redes sociais e me pergunto: estamos no caminho certo? Será que perdemos a mão? Salvo as grandes marcas, que criam movimentos disruptivos, a maioria das empresas enfrenta muita dificuldade em produzir material relevante.
Se você abrir o Instagram, verá um festival de conteúdos sem graça, repletos de clichês e a mesma coisa o tempo todo. Parece que ninguém sabe o que produzir nem para quê. Vou confessar: às vezes, também me vejo nesse dilema. Deixe-me explicar por quê.
Frequentemente penso em criar conteúdos com dicas úteis e debates relevantes, mas, se eu não uso “códigos virais” ou técnicas que viraram tendência, meu conteúdo vira uma roleta-russa. Pode dar certo, mas também pode flopar vergonhosamente.
É bizarro observar isso. A quantidade de conteúdos irrelevantes que o algoritmo me sugere é diretamente proporcional ao que a sociedade se tornou. Ninguém parece querer profundidade; preferem alguns segundos de entretenimento raso para aquela descarga de dopamina à qual já estamos viciados.
Mais de 80% das pessoas têm redes sociais e o uso médio é de 9 horas por dia
Os dados da We Are Social e Meltwater confirmam que o público está presente nas redes. O desafio é ser interessante o suficiente para sair das bolhas e tornar seu conteúdo relevante. E, para o próximo ano, não acredito que veremos grandes mudanças. As pessoas continuarão superficiais, e nós, profissionais, precisaremos ser mais estratégicos do que nunca. Ah, e não adianta usar a IA como muleta para aumentar o volume de postagens.
As IAs são ótimas aliadas para gerar gatilhos e temas com uma velocidade que o cérebro humano não acompanha. Mas elas não substituem vivências, cultura, traumas e outras experiências que só nós, humanos, temos. Se já está difícil produzir conteúdo comunicando de humano para humano, usar apenas IA pode te tornar ainda mais ignorado.
Portanto, continue investindo em ser interessante o suficiente para que as pessoas queiram te acompanhar. Se você ainda não atraiu seu público, continue testando gatilhos e maneiras de capturar a atenção nos primeiros 3 segundos de um vídeo ou na primeira imagem de um carrossel. Experimente diferentes formas de se comunicar, e não tenha medo de flertar com polêmicas. A distância entre o cancelamento e o sucesso é curta.
Invista em 4 tipos de conteúdo
- 1. Crescimento – Você precisa continuar atraindo novos seguidores, porque os antigos vão parar de engajar em algum momento. Não tem jeito. As pessoas passam por fases, e perceba: sempre que você começa a seguir um perfil, interage mais. Com o tempo, esse engajamento esfria, e o perfil vai ficando lá, esquecido na sua lista de seguidores.
- 2. Conexão – As pessoas precisam gostar de você. Se você for interessante o bastante (carisma conta muito), e conseguir se conectar além de apenas conteúdos técnicos, seu perfil certamente terá mais resultados.
- 3. Objeção – Estamos falando de perfis com objetivos comerciais. Seja para vender produtos, serviços ou sua própria imagem, as pessoas sempre têm objeções. Você precisa quebrá-las. Saiba lidar com todo tipo de interação e lembre-se: até os haters geram engajamento. Mas, se você não provar que é realmente necessário, será descartado como um papel de hambúrguer. Kkk.
- 4. Autoridade – Não, você não precisa ser político (ou precisa?), mas precisa demonstrar autoridade no que faz, vende ou diz. E se for tudo isso junto, melhor ainda. Só que isso não se constrói da noite para o dia. É necessário criar algo relevante que mostre que você é melhor do que outros perfis. E isso está cada vez mais difícil nesse oceano vermelho que é o planeta com 8 bilhões de pessoas.
Se você focar no preço, e não na estratégia, será só mais um produto na prateleira
Hoje, enfrentamos concorrência com as “eugências”, aquelas pessoas que não têm estrutura para atuar estrategicamente, mas têm preço baixo. E, ah, o preço! Ele é uma métrica importante, tanto para quem paga quanto para quem recebe, mas não define valor. O seu valor é o seu tempo e tudo o que está envolvido nisso. Se a única métrica que você usa é o preço, lamento, você será trocado por alguém mais barato, que entrega conteúdos genéricos tão bem quanto seu concorrente.
Ser social media exige ser estratégico, entender de negócios, macroeconomia, e até de crises globais. Quem entende de rede social e dancinhas é a geração Z, e eles fazem isso de maneira muito mais empírica que qualquer profissional mais velho. Mas o que ninguém substitui é a visão de mundo, a compreensão dos fatos e como isso impacta nos negócios e na comunicação.
Ter jogo de cintura, a famosa malemolência, para criar boas narrativas fará toda a diferença em 2025 ou em 2125. Porque, de um bom papo, ninguém escapa. Fica a dica.
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